"Querido Papai Noel!
DESEJO ...
Você não é obrigado a nada !!!
Você não é obrigado a nada.
Você não precisa casar, nem ter filhos, se nunca desejou.
Nem fazer compras em Miami.
Não precisa ter aquela bolsa marrom, não precisa ter carro, nem amar bicicletas, não precisa meditar.
Só precisa ter cachorro se quiser.
Entender de vinho: não precisa.
Barco, casa no campo, Rolex, ereção toda vez, cozinha gourmet, perfil no Instagram... Não precisa.
Você não é obrigado a gostar de carnaval, nem de samba, nem de forró, nem de jazz.
Você não é obrigado a ser extrovertido.
Não precisa gostar de praia.
Nem de sexo você é obrigado a gostar.
Balada, barzinho, cinema.
Missa no domingo.
Reunião de família.
Não, você não é um ET se não estiver afim.
Acordar cedo, fazer exercício, conhecer os clássicos, assistir os filmes do Oscar, a banda de garagem que ninguém conhece.
Você também não precisa conhecer. Paris, Nova York, Londres...
Gosta muito de viajar? Não? Então não vá!
Tá sem namorado? Alguém vai dizer que você não é feliz por isso. E é mentira.
Seu cabelo não precisa ser alisado.
Nem você vai ser muito mais feliz se for magro ou magra.
Também não precisa gostar de comer.
Peça curinga no guarda roupa, perfume francês, dentadura perfeita, curriculum vitae, escapulário.
Sucesso. Não, você não precisa dele.
Se for pra ser obrigado, nem feliz você precisa ser.
Nelson Barros
Quando eu for velha...
Quando eu for velha, não serei uma velha comum, daquelas que
tricotam sapatinhos para os netos, não porque eu não ache isso bacana, é porque
nunca tive paciência para o artesanato,
aliás, sou um desastre nessa arte, rsrs.
Quando eu for velha, não quero que se preocupem em
me visitar todos os domingos, somente para cumprir uma obrigação. Façam isso
quando sintam realmente vontade de me ver, quando sintam saudades daquele
cheirinho que só a "sua" mãe tem, quando sintam saudades do meu
tempero, ou da forma que meus olhos olham para vocês, com orgulho, com amor e
ternura.
Quando eu for velha, não quero que me levem feito
um pacotinho de uma casa pra outra. Quero ficar no meu canto, "quero ficar
na minha", vocês sabem o quanto eu valorizo a liberdade, não só a minha,
mas sobretudo dos outros.
Quando eu ficar velha, quero que vocês me olhem e
sintam orgulho de todas as minhas tentativas de viver a vida conforme os meus
princípios, conforme a minha vontade.
Não quero que pensem que fui egoísta, que alguma vez falhei com vocês, ou que eu amei de menos ou amei de mais.
Eu simplesmente optei: eu quero ser mãe, eu quero gerar esse filho, essa filha, porque sei que eles serão pessoas especiais e
que poderão fazer a
diferença em suas vidas e nas dos demais e eu os amo muito!!!
Quando eu for velha, permitam-me ficar com meus
netos e mimá-los do meu jeito, não critiquem se eu exagerar nos carinhos, nos
presentes e se eu discordar com algum castigo mais pesado pra eles.
Quando eu for velha, não sintam pena de mim quando estiver debilitada, olhem para mim e digam:
minha mãe é forte, ela vai vencer mais essa!!
E não duvidem:
EU VOU VENCER !!!
Meus queridos filhos, não se sintam responsáveis por mim, eu lhes tiro essa obrigação.
Eu os solto, os libero.
Vivam suas vidas, trilhem seus caminhos, amem seus amores, formem-se, trabalhem, tenham êxito, criem seus filhos (se quiserem tê-los).
Sejam corajosos, sonhem muito, sonhem alto!
Sejam gentis, retribuam sorrisos, compartilhem bons momentos, cuidem de seus corpos, mas especialmente de suas almas.
Jamais duvidem da existência de um Ser Superior.
Não se prendam a dogmas, não julguem nada, não condenem ninguém, não acreditem em tudo o que lhes disserem,
procurem vocês as respostas.
Usem o poder que há dentro de vocês.
Lembrem-se sempre disso:
Vocês podem tudo!
O impossível não existe, mas
é preciso crer!
A.D.
ÀS VEZES...
Às vezes, o músculo está estendido, espichado, no limite:
há um único nervo que nos mantém presos a algo que não nos serve mais,
porém ainda nos pertence.
Fazer o talho, machuca.
Dói de dar vertigem, de fazer desmaiar.
E dói mais ainda porque se sabe que é irreversível.
A partir dali, a vida recomeçará com
uma ausência.
Cada um tem um cânion pelo qual se sente atraído.
E um cânion do qual é preciso escapar.
Martha Medeiros