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RJ
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Sejamos pessoas boas, corações generosos, doadores, caridosos em essência Divina... e assim, através de nosso querer, repartir.
Ultima partita
Verdadeira Amizade
Um amigo pode querer lhe tirar o sono, um outro pode querer lhe tirar a paciência e um outro pode querer lhe tirar o seu amor próprio.
Mas será que esses podem ser considerados amigos de verdade? Amigo que é amigo só lhe tira o sono para começar aquelas maravilhosas conversas demoradas onde se fala sobre a sua vida, seus amores e seus sonhos.
Amigo que é amigo só lhe tira a paciência quando você já se encontra com a barriga doendo de tanto rir, quando o mesmo cisma em querer te fazer cair na gargalhada com aquelas brincadeiras de criança que você lembra de imediato assim que são realizadas.
Amigo que é amigo não lhe tira a felicidade, porque amigo que é amigo faz parte da tua felicidade. Esses amigos são aqueles que sabem que você não muda aquilo que você é simplesmente por tendências, palpites ou críticas, mas que muda somente pelo seu desejo sincero de querer ser melhor do que já é.
Amigos podem tirar muitas coisas de você. Agora cabe somente a si próprio distinguir o que queres que eles realmente lhe tirem.
Aqueles que lhe tiram o amor e a vontade de viver não merecem permanecer junto a ti.
Agora aqueles que lhe tiram da angústia e da tristeza sem dúvida alguma merecem estar a cada dia mais perto do seu coração.
Essa é a simples diferença entre os amigos que querem te tirar algo.
Devemos lembrar que nem sempre tirar alguma coisa de alguém pode ser algo negativo.
Você pode até ter muitos e muitos amigos.
Mas no fundo você sabe que são poucos os que se pode dizer que lhe tiram realmente de momentos ruins e de pensamentos indesejáveis.
Mas com esses poucos que possui você poderá contar a todo momento. Com esses você sabe que poderá contar por uma vida ou mais.
E nada melhor do que conhecer alguém que nos tire da escuridão para entender o quão maravilhoso é poder abandonar o conformismo da tristeza e a inconveniência da solidão não é?
Amigos de verdade tiram as tuas dores e te enchem de carinho, amor e compreensão. Esses são os amigos que deves realmente possuir.
Os outros faça um favor a si mesmo e tire-os da sua vida.
Para que Serve um Amigo?
Para rachar a gasolina, emprestar a prancha, recomendar um disco, dar carona pra festa, passar cola, caminhar no shopping, segurar a barra.
Todas as alternativas estão corretas, porém isso não basta para guardar um amigo do lado esquerdo do peito.
Milan Kundera, escritor tcheco, escreveu em seu último livro, “A Identidade”, que a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar.
Vai além: diz que toda amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos.
Verdade verdadeira.
Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo construído.
São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridos numa chuva de verão. Veremos.
Um amigo não racha apenas a gasolina: racha lembranças, crises de choro, experiências.
Racha a culpa, racha segredos.
Um amigo não empresta apenas a prancha.
Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta.
Um amigo não recomenda apenas um disco. Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país.
Um amigo não dá carona apenas pra festa.
Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu.
Um amigo não passa apenas cola.
Passa contigo um aperto, passa junto o reveillon.
Um amigo não caminha apenas no shopping.
Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado.
Um amigo não segura a barra, apenas. Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador.
Duas dúzias de amigos assim ninguém tem.
Se tiver um, amém.
Normalidade
Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.
Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.