acma1953

belépett: 2011.01.03
I miss you,I'm gonna need you more and more each day I miss you, more than words can say More than words can ever say
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Bando de cafonas

Ela morreu... mas continua por cá entre nós. Grande actriz, pensadora, escritora. Polémica, mas sincera e verdadeira no que dizia e escrevia.

A minha homenagem, ainda que tardiahttps://www.youtube.com/watch?v=7eH253USQ0A 

A Amazónia arde e tem gente que ainda tem a pouca vergonha de culpabilizar os outros quando foram eles os incendiários com as declarações que vão proferindo. Idiota tem em todo o lado, mas estupidez tem limites, e quando tem ministros e um presidente que se acham no direito de deitar ainda mais gasolina para o fogo com declarações como as que têm vindo a fazer insultando tudo e todos e chegando ao cúmulo do ridículo falando de colonialismo e prepotência de países estrangeiros que apenas querem ajudar a SALVAR o pulmão da HUMANIDADE. A Amazónia não é pertença exclusiva do Brasil, também é do Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e França (Guiana Francesa) do MUNDO. Não quero acreditar que o povo brasileiro, especialmente aqueles que apoiaram ou ainda apoiam esse presidente homofóbico, incendiário, sem educação, estúpido se revejam nestas atitudes e aplaudam as declarações que faz a cada instante.
Se o Brasil critica o MUNDO e aceita as ajudas que estão a ser colocadas à disposição pela maioria dos países, então além de tudo o que são também junto o rótulo de hipócritas... e os corruptos eram os outros??
BANDO DE CAFONAS.
Bem haja Fernanda Young por este seu texto verdadeiramente digno da sua pessoa, daquilo que foi e será sempre no coração de quem a lê e a ama.


Bando de cafonas

A Amazônia em chamas, a censura voltando, a economia estagnada, e a pessoa quer falar de quê? Dos cafonas. Do império da cafonice que nos domina. Não exatamente nas roupas que vestimos ou nas músicas que escutamos — a pessoa quer falar do mau gosto existencial. Do que há de cafona na vulgaridade das palavras, na deselegância pública, na ignorância por opção, na mentira como tática, no atraso das ideias.

O cafona fala alto e se orgulha de ser grosseiro e sem compostura. Acha que pode tudo e esfrega sua tosquice na cara dos outros. Não há ética que caiba a ele. Enganar é ok. Agredir é ok. Gentileza, educação, delicadeza, para um convicto e ruidoso cafona, é tudo coisa de maricas.

O cafona manda cimentar o quintal e ladrilhar o jardim. Quer todo mundo igual, cantando o hino. Gosta de frases de efeito e piadas de bicha. Chuta o cachorro, chicoteia o cavalo e mata passarinho. Despreza a ciência, porque ninguém pode ser mais sabido que ele. É rude na língua e flatulento por todos os seus orifícios. Recorre à religião para ser hipócrita e à brutalidade para ser respeitado.

A cafonice detesta a arte, pois não quer ter que entender nada. Odeia o diferente, pois não tem um pingo de originalidade em suas veias. Segura de si, acha que a psicologia não tem necessidade e que desculpa não se pede. Fala o que pensa, principalmente quando não pensa. Fura filas, canta pneus e passa sermões. A cafonice não tem vergonha na cara.

O cafona quer ser autoridade, para poder dar carteiradas. Quer vencer, para ver o outro perder. Quer ser convidado, para cuspir no prato. Quer bajular o poderoso e debochar do necessitado. Quer andar armado. Quer tirar vantagem em tudo. Unidos, os cafonas fazem passeatas de apoio e protestos a favor. Atacam como hienas e se escondem como ratos.

Existe algo mais brega do que um rico roubando? Algo mais chique do que um pobre honesto? É sobre isso que a pessoa quer falar, apesar de tudo que está acontecendo. Porque só o bom gosto pode salvar este país.

Fernanda Young