Zaya

 
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Billard Pool 8 - 2009

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5 années 196 jours il y a

Dar um Tempo



Não conheço algo mais irritante do que dar um tempo, para quem pede e para quem recebe. O casal lembra um amontoado de papéis colados. Papéis presos. Tentar desdobrar uma carta molhada é difícil. Ela rasga nos vincos. Tentar sair de um passado sem arranhar é tão difícil quanto. Vai rasgar de qualquer jeito, porque envolve expectativa e uma boa dose de suspense. Os pratos vão quebrar, haverá choro, dor de cotovelo, ciúme, inveja, ódio. É natural explodir. Não é possível arrumar a gravata ou pintar o rosto quando se briga. Não se fica bonito, o rosto incha com ou sem lágrimas. Dar um tempo é se reprimir, supor que se sai e se entra em uma vida com indiferença, sem levar ou deixar algo. Dar um tempo é uma invenção fácil para não sofrer. Mas dar um tempo faz sofrer pois não se diz a verdade.

Dar um tempo é igual a praguejar "desapareça da minha frente". É despejar, escorraçar, dispensar. Não há delicadeza. Aspira ao cinismo. É um jeito educado de faltar com a educação. Dar um tempo não deveria existir porque não se deu a eternidade antes. Quando se dá um tempo é que não há mais tempo para dar, já se gastou o tempo com a possibilidade de um novo romance. Só se dá o tempo para avisar que o tempo acabou. E amor não é consulta, não é terapia, para se controlar o tempo. Quem conta beijos e olha o relógio insistentemente não estava vivo para dar tempo. Deveria dar distância, tempo não. Tempo se consome, se acaba, não é mercadoria, não é corpo. Tempo se esgota, como um pássaro lambe as asas e bebe o ar que sobrou de seu vôo. Qualquer um odeia eufemismo, compaixão, piedade tola. Odeia ser enganado com sinônimos e atenuantes. Odeia ser abafado, sonegado, traído por um termo. Que seja a mais dura palavra, nunca dar um tempo. Dar um tempo é uma ilusão que não será promovida a esperança. Dar um tempo é tirar o tempo. Dar um tempo é fingido. Melhor a clareza do que os modos. Dar um tempo é covardia, para quem não tem coragem de se despedir. Dar um tempo é um tchau que não teve a convicção de um adeus. Dar um tempo não significa nada e é justamente o nada que dói.

Resumir a relação a um ato mecânico dói. Todos dão um tempo e ninguém pretende ser igual a todos nessa hora. Espera-se algo que escape do lugar-comum. Uma frase honesta, autêntica, sublime, ainda que triste. Não se pode dar um tempo, não existe mais coincidência de tempos entre os dois. Dar um tempo é roubar o tempo que foi. Convencionou-se como forma de sair da relação limpo e de banho lavado, sem sinais de violência. Ora, não há maior violência do que dar o tempo. É mandar matar e acreditar que não se sujou as mãos. É compatível em maldade com "quero continuar sendo teu amigo". O que se adia não será cumprido depois.

(do livro "O amor esquece de começar")

Fabricio Carpinejar.



DÊ VALOR, A QUEM TE DÁ AMOR!



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Vivemos em um mundo onde tudo tem um preço, um interesse, mas quase nada tem valor.
Os conceitos, e os valores mudaram, nada mais é como antigamente. As pessoas tem uma forma diferente de ver o mundo, de pensar e agir. Valorizam coisas, e desprezam pessoas!
Esquece-se de valorizar até mesmo todos aqueles que sempre estiveram ao seu lado. Tudo por que estamos focados no futuro, presos no passado e nos esquecendo do momento mais importante, que é o PRESENTE! 
Devemos lembrar que o tempo voa, e as oportunidades que uma vez perdidas, jamais serão recuperadas, e o tempo perdido jamais voltará. Lembrar que as pessoas que amamos não são eternas, e que a vida, é uma caixa, onde nos reserva surpresas, e a qualquer hora a cortina de nossa vida, pode se fechar!
Por tanto nunca se esqueça: DÊ VALOR, A QUEM TE DÁ AMOR!


Saudade


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"Definir saudade? Não consigo. É dos sentimentos mais avassaladores que existem. Como se descreve o vazio? O silêncio? A ausência? O pedaço de nós que se ausentou? 
Saudades não é só sentir falta de alguém. É sentir a falta de alguém em nós. Dentro de nós. É ter saudades de nós com alguém. É o estar por estar, e o ser por ser.
Como se traduz em palavras aquilo que a saudade corta sem nada nos tocar. Que fere. Que magoa. Que esvazia. Que ecoa. Que enlouquece.
Nada disto se ass
emelha à saudade que sinto. São pequenas as palavras que a descrevem.
Definir saudade? Não me é possível. Talvez por a sentir tão em mim. Talvez porque me toque na pele todos os dias. Saudades. Infindas. Sempre!"
- Rita Leston - 

Trecho do romance “Dom Casmurro”, de Machado de Assis


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Performance (multileitura) de trecho do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis.

texto:
— (Juro!) Deixe ver os olhos, Capitu.

Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada.”
Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim.
Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei
extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que
lhe deu outra idéia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto,
com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar
crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que…

Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles
olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que
eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova.
Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a
vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca.

Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos
espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha
crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me.

Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os relógios do Céu terão marcado esse tempo infinito
e breve. A eternidade tem as suas pêndulas; nem por não acabar nunca deixa de querer saber a
duração das felicidades e dos suplícios. Há de dobrar o gozo aos bem-aventurados do Céu conhecer
a soma dos tormentos que já terão padecido no inferno os seus inimigos; assim também a
quantidade das delícias que terão gozado no Céu os seus desafetos aumentará as dores aos
condenados do inferno. Este outro suplício escapou ao divino Dante; mas eu não estou aqui para
emendar poetas. Estou para contar que, ao cabo de um tempo não marcado, agarrei-me
definitivamente aos cabelos de Capitu, mas então com as mãos, e disse-lhe, — para dizer alguma
coisa, — “Eu sou capaz de os pentear, se eu quiser.  – Machado de Assis

A decepção.

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A decepção faz parte. Somos na verdade zumbis iludidos e cegos em um mar de ilusão.
A decepção é necessária. Somos sempre os últimos a saberem da real razão.
A decepção é ingrata, mas quem disse que era para haver gratidão?
A decepção é desumana, mas a humanidade também o é.
A decepção é tristeza, mas viver é aprender a ser triste, também!