CarlWeiss

 
присъединил се: 18.12.2022
" Mais que ontem , menos que amanha "
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O Apressadinho

Olga, 18 aninhos, estava descobrindo o amor e o sexo.
Seu namorado Julião, 22 anos, considerava-se o amante perfeito para iniciá-la.
Tadinha da moça!
Julião até que sabia das coisas.
Já havia ouvido falar em preliminares, por exemplo, e acreditava desempenhá-las a contento.
O problema é que era um pouquinho acelerado, do gênero “Vai ser bom, não foi? ”
Do primeiro toque nos seios (dela) ao gozo (dele), decorriam uns 4 minutos, se tanto.
Se lhe dissessem que uma transa de responsa podia durar 10 vezes isso e mais ainda, ele não acreditava, dizia que era fake news; se lhe mostrassem uma maratona sexual num vídeo pornô, ele sorria, indulgente, e afirmava, “É montagem, claro! ”
Namorando um coelho , Olga tornara-se outro bicho, uma lagartixa, e subia pelas paredes de frustração sexual.
Depois de hesitar muito, a jovem abriu-se com as amigas, todas mais rodadas que ela.
Algumas sugestões ouvidas :
- Termina com esse filho da puta e arranja um macho de verdade !
- Você gosta do Julião, fica com ele, mas descola um amante. Meu primo (ou irmão, ou algo semelhante)...
- Você precisa de um pau amigo. Meu primo (ou irmão, ou algo semelhante)...
- Obriga esse corno a chupá-la, você vai gozar horrores...
- Como você faz para gozar?
Se masturba muito?
Com os dedos, um vibrador ou alguma outra coisa?
Foram os dois últimos diálogos que fizeram Olga parar para pensar.
Primeiro tentou o sexo oral:
- Amor, vamos variar, fazer coisas novas?
Me chupa, por favor.
Lambe gostoso o grelinho...
A resposta de Julião foi um banho de água fria.
- Te chupar?
Homem não chupa, é chupado!
E pedir isso é coisa de puta!
Olga deu de ombros, desiludida, e encarou a segunda sugestão.
No final da infância e início da adolescência ela se tocara, por vezes inadvertidamente, e gostara da sensação, do calor úmido que irradiava da xaninha.
Mas foi algo ocasional; se alguma fez chegou a gozar, não recordava – e o primeiro orgasmo a gente nunca esquece.
Então, não.
Toda animada, Olga passou a assistir a vídeos pornôs não para se excitar, (embora isso acontecesse), mas para aprender técnicas.
E deuses, o que ela aprendeu!
Viu vibradores em forma de cacetes monstruosos; outros semelhantes a ovinhos; outros dotados de tentáculos como um polvo a nadar na maré baixa das moças...
Sugeriu timidamente ao namorado o uso de um vibrador, mas ele explodiu, machista na última :
- Vibrador?
Você quer dizer consolo!
Isso é coisa de mulher mal comida, ou de puta (frase que já estava virando lugar comum em suas discussões).
As aulas nos vídeos continuaram, e a moça aprendeu que muitos objetos domésticos, como os chuveirinhos do banheiro, podiam ser usados para ter prazer.
Ela decidiu experimentar: quem sabe, um banho de banheira e seu amante-chuveirinho poderiam levá-la às nuvens !
Nas duas primeiras vezes, foi bom; na terceira, gozou; na quarta, teve orgasmos múltiplos.
A partir daí, não parou mais.
Ficou mais alegre, mais atraente, os olhos brilhantes, deixou de incomodar Julião implorando por uma trepada.
Ele notou as mudanças em seu comportamento.
- Essa vaca tá sorridente demais...
Deve estar dando pra alguém !
Na tarde seguinte, saiu cedo do trabalho e voou para casa, para pegar a traidora em flagrante.
De certo modo, pegou, ouviu a voz dela, no banheiro, que dizia :
- Ah, meu amor, ninguém chupa como você... me molha o grelinho, sopra nele, me faz gozar mais uma vez !
Julião abriu a porta com um empurrão.
E deparou-se com Olga na banheira, com o chuveirinho quase colado em sua xana.
- O que você tá fazendo, sua vaca?
- O que você acha?
Estou gozando com o chuveirinho, é o único jeito quando se namora o rei da ejaculação precoce !
Era a primeira vez que Olga o encarava Julião, desconcertado, passou à defensiva.
- Não tenho pau pra fazer você gozar ?
- Não!
Quer dizer, tem, mas não sabe usar, é um apressadinho !
Não se falaram mais.
Naquela noite os dois dormiram em aposentos separados, ela no quarto, ele no sofá da sala.
No dia seguinte, Julião não foi trabalhar.
Olga teve de sair para fazer compras.
Quando voltou, duas horas depois, a casa estava semidestruída.
Os ressaltos da cama e do sofá haviam sido serrados e lançados num saco de lixo; junto a eles estavam o chuveirinho de borracha, o pilão da cozinha, feito de madeira, o amassador metálico de frutas e até as vassouras; em resumo, todos os objetos da casa vagamente fálicos, ou cilíndricos, ou flexíveis mas compridos haviam sido descartados.
- Você enlouqueceu?
– perguntou Olga, sem acreditar no que via.
- Quero ver você se roçar em alguma coisa agora!
– rosnou Julião.
- Ah, não vai ver mesmo.
Só que não vou me roçar, vou enfiar o cacete de um homem de verdade dentro de mim!
– Procurando controlar-se, falou num tom mais calmo
– Olha, apelei pro chuveirinho pra não trair você.
Mas não abro mão de ter orgasmos, nunca mais.
– Olga desistiu de dar uma de boa moça, lançou um risinho zombeteiro e continuou.
– Você acabou com seus rivais de borracha e de madeira, mas seus rivais de verdade estão por aí, doidos pra fuder com uma mulher jovem e gostosa.
Então, acabou o namoro, saia do meu apartamento, que vou sair por aí.
– E, parafraseando Vinicius, lançou a humilhação derradeira:
- Os apressadinhos que perdoem, mas o gozo é fundamental!


=======> Beijocas de Rosângela

Samuel, o Samuca, jornalista paulistano, 28 anos, estava insatisfeito com os rumos de sua vida.
Não na esfera profissional.
Sabia que era um bom repórter, admirado pelos colegas e respeitado pelos chefes.
O problema estava em sua vida amorosa.
Não que faltassem parceiras para uma rapidinha ou um relacionamento um pouco mais duradouro: desde os 18 anos Samuca estava na ponta dos cascos, como o diabo gosta, chutando o pau da barraca, tacando fogo no parquinho, passando o rodo e verbalizando outras imagens bem brasileiras de uma vida sexual mais que satisfatória, ampla e irrestrita.
Mas agora, isso não o satisfazia mais.
Ele queria casar – envolver-se com a futura mãe de seus filhos, uma companheira para todas as horas, alguém para compartilhar carinhos e uma conversa estimulante antes ou depois da transa – ou em vez de.
O carinha tinha ideias bem definidas sobre o tipo de mulher que buscava.
Nada de bela, recatada e do lar: isso era de um conservadorismo atroz.
E muito menos uma princesa, aí o viés conservador virava reacionarismo puro e simples, dos cascudos.
E nada de virgem, por favor: a única vez que tirara um cabaço saíra todo esfolado.
Sonhava com uma mulher inteligente, independente, divertida... ma non tropo.
Achava importante, por exemplo, que o número de parceiros anteriores não ultrapassasse o da torcida do Timão.
O obstáculo era esse non tropo, não em demasia.
Tinha algumas colegas jornalistas que se aproximavam desse perfil, até mesmo saíra com duas delas (uma de cada vez, nada de ménage).
Mas elas eram solteiras de carteirinha, que investiam a fundo em suas respectivas carreiras.
Se ele lhes falasse em casamento e filhos, iriam olhá-lo com incredulidade e achar que ele havia enlouquecido, que peninha, um repórter tão promissor...
O pensamento de Samuca voltava-se, cada vez mais, para Rosângela.
Tinha o corpo bem feito e era bonitinha, sempre com uma maquiagem leve e um batonzinho cor de rosa.
Isso era importante, ele não queria um tribufu.
Mas o grande trunfo de Rosângela era o sorriso, que irradiava simpatia.
Ela também trabalhava no jornal, mas não na redação e sim nos Recursos humanos, ou seja, não estava tão ligada em sua carreira.
“É, vou chegar junto e ver o que rola”, pensou.
Almoçaram juntos e, aparentemente, os deuses sorriram para ele.
A mulher, de uns 24 anos, fez o mesmo, repetidas vezes – um indício de que estava sexualmente interessada – e terminou por convidá-lo a uma noite de queijo e vinho no apartamento dela, na sexta-feira.
No final, ela brincou, com seu sotaque mineiro e um sorriso lindo:
- De sobremesa, cê vai ganhar umas beijocas...
Foi esse lance que conquistou Samuca.
Fazia tempo que não ouvia a palavra “beijoca”.
Era um termo simpático e um pouco antiquado – dois atributos que, tinha de reconhecer, buscava em sua futura esposa.
Ele combinou o horário, 20h30, pegou o endereço dela e voltou para a redação, feliz como um pinto no lixo.
Na sexta, às 20h30 em ponto, ele tocou a campainha da casa de Rosângela.
Ela estava com um vestido simples e sem maquiagem, mas havia soltado os cabelos: a coisa prometia.
Comeram os queijos, beberam o vinho – gaúcho, nada de especial.
Depois de secarem a garrafa, ela observou que estava quente, ia mudar de roupa e talvez demorasse um pouquinho.
“Vai valer a pena esperar”, falou com um sorriso misterioso.
“Acho que vai rolar mais que umas beijocas”, pensou Samuca.
“No mínimo, uns amassos. E, se eu tiver sorte, uma rapidinha!”
Não foi nada disso.
Quando Rosângela voltou, vestia um roupão sem nada por baixo, que deixava à mostra um corpo escultural.
Os olhos, agora esfumados, eram poços de perdição, e a boca, ante sem batom, estava rubra, a cor do desejo.
A mulher bonita e simpática transformara-se em uma deusa do pecado que avançou em sua direção, pegou-o pela mão e ordenou:
- Vamos pro quarto.
E aí começou a melhor foda da vida de Samuca.
Rosângela deixou-o tomar a iniciativa nos beijos de língua, mordidinhas na orelha, carícias das espáduas à bunda e carinhos e lambidas nos seios, cujos mamilos ficaram duros como pedra; mas depois, quando os lábios e a língua dele se aproximaram da xaninha, passou a dirigir a trepada.
E com um saber inigualável.
Ela o fez lamber os grandes lábios, os pequenos lábios e dedicar muito tempo ao clitóris, até seu mel se derramar pelo rosto dele.
Paralelamente, chupou-o com maestria, brincando com suas bolas e engolindo o mastro, até ele quase explodir em gozo.
Quase, pois ela não o deixou terminar.
Passaram para um delicioso sexo vaginal, enquanto ela lhe dizia do que gostava e como gostava e variava de posições.
No final, Samuca teve o orgasmo mais prazeroso de sua vida.
Mas não estava acabado.
Faltava o bigode, da trilogia barba-cabelo-bigode, da série O anel do poder.
Ela pediu/ordenou:
- Enfia no meu cuzinho, adoro!
Não era o prato predileto de Samuca.
Ele já havia enrabado algumas mulheres, mas a maioria não gostou muito – e, para falar a verdade, nem ele.
Rosângela, porém, ficou de costas para ele e abaixou pouco a pouco, engolindo seu mastro com o ânus.
O esfíncter dela parecia mágico, apertava o cacete e depois relaxava para apertar outra vez, na melhor punheta de sua vida.
Ele gozou de novo, ela também.
Samuca estava prestes a declarar os trabalhos findos, quando ela o virou de bruços e murmurou:

- Cê me enrabou, agora é minha vez!
Em seguida, pegou um creme na mesinha de cabeceira, aplicou uma generosa dose no cu dele, besuntou um vibrador de tamanho médio e mandou ver.
Com a invasão, Samuca berrou de dor e de susto.
Mas ela continuou a sodomizá-lo com firmeza, pero sin perder la ternura e, pouco a pouco, o intruso invasor tornou-se um visitante bem-vindo.
No final, ele gozou pela terceira vez, enquanto ela dava um sorrisinho enigmático, monalisesco.
Enquanto eles relaxavam trocando carícias, ela ronronou:
- Na próxima vez, vou usar um vibrador maior.
Cê vai encarar?
Samuca tremeu nas bases, mas faria tudo para não perder aquele mulherão.
- Encaro! Encaro tudo que você quiser.
Ela sorriu, satisfeita, como um gato que acaba de comer um canário.- Maravilha!
Muitos carinhas fogem do pau, mas pelo visto a gente vai ficar um bom tempo junto.
Depois de ir ao banheiro, o jornalista vestiu-se e, caminhando com dificuldade devido à perda das pregas, começou a dirigir-se à porta.
Mas ela o chamou:
- Ei, moço, calminha.
Cê ainda não ganhou as beijocas.
Foi até ele e deu-lhe dois beijos castos e estalados, um em cada bochecha.


Discutindo a relação

Lucélia, a gente precisa conversar.
- Agora, Adamastor?
Agora eu...
-Tem de ser agora
– cortou ele.
– Nossa relação está em crise, precisamos falar sobre ela.
- Relação? Crise? Você enlou...
-Deixa eu falar, tá ok?
– cortou Adamastor de novo.
– Depois você fala
– e prosseguiu:
- Lucélia, é hora de discutir a relação, a gente tá junto faz tempinho e nunca fez isso.
Sei que sou um ótimo amante, que quase sempre a leva ao orgasmo
– e, quando isso não acontece, não é por culpa minha.
Mas acho, acho não, sei que você devia me amar mais, tanto quanto eu a amo.
Sei lá, às vezes sinto que você me vê como uma máquina de fuder, um objeto!
- Mas Adamastor, você é um objeto!
É um vibrador!
- Eu só vibro porque me emociono de estar dentro de você, na sua xana!
– ele pareceu respirar fundo (algo dificílimo para um vibrador, ainda que falante) e continuou:
- Olha, sei que não sou uma pessoa de carne e osso, mas tenho sentimentos.
E você, ao me tratar como um simples objeto sexual, está pisando nesses sentimentos
– E, num tom raivoso.
– O pior é que você nem é fiel a quem a ama tanto.
Já vi você dando olhares tesudos para o Linguinha...
- Linguinha?
- É o nome que dou àquele sugador de clitóris filho da puta.
Não negue, sei que está pensando em fazer sacanagens com ele...
Lucélia riu, acariciou o vibrador e deu-lhe um beijinho na ponta (do nariz? do cacete? difícil precisar, em se tratando de um vibrador).
- Ora, Adamastor, pensar não é pecado e não tira pedaço.
Mas só amo você e só faço com você.
Não esquenta, senão você fica tão chato quanto meus ex-ficantes humanos.
E você não é chato, é cilíndrico!
– Deu um risinho, satisfeita com sua piada, e concluiu.
– E agora tenho de sair, vou encontrar minhas amigas.
Tchau, amore.
Ao caminhar em direção a um barzinho próximo, onde ia encontrar a galera, Lucélia ficou pensando: por que diabos não se espantara ao ver um vibrador falar?
Algumas hipóteses vieram à sua mente.
Na adolescência, gostava de pintar, e dava nomes às tintas que utilizava.
Não às tintas industrializadas, mas às misturas que ela produzia.
O verde, por exemplo, era o verde que te quero verde, único verso que conhecia de um famoso poema do espanhol Federico García Lorca.
Ela sempre sentira que nomear as cores as tornava mais vibrantes, mais vivas; vai que algo parecido acontecera quando deu o nome de Adamastor – o gigante de Os lusíadas, de Camões – a seu brinquedinho sexual predileto, também avantajado?
Outra hipótese: maconha.
Estava fumando muito, todos os dias, e talvez os cigarrinhos do cramulhão a fizessem ver e ouvir coisas.
Terceira hipótese, estava enlouquecendo pouco a pouco.
Mas ainda não rasgava dinheiro nem mordia cachorros na rua, então, por enquanto, dava para levar.
Lucélia voltou para casa às 22h30.
Tomou um banho, perfumou-se toda, pegou o consolo (tinha certeza de que Adamastor detestava esse nome, mas foda-se, já estava dando muita moral a ele por nem olhar na direção da caixa do Lin... do sugador de clitóris), deitou na cama só de calcinha, afastou-a, introduziu o bruto na xoxota e o ligou.
Estava sendo uma delícia e, como quase sempre fazia, ela começou a elogiá-lo:
- Ah Adamastor, você é que é imbrochável, não aquela besta do Bozo.
Me fode gostoso!
O motorzinho pareceu ratear, depois parou, e ouviu-se uma voz lastimosa:
- Custava dizer que me ama, malvada?
E Adamastor, o consolo gigantesco, o imbrochável, brochou dentro de Lucélia.


Máquina de Sexo do Tatuapé

Josiane, a Jô, era uma máquina de fazer sexo.
Sabem mulher-raimunda, feia de cara, boa de bunda?
Ela era mais ou menos assim: no máximo bonitinha, mas o traseiro!
O traseiro apenas, não.
Tinha seios esculturais, um umbiguinho comovente, coxas deslumbrantes, uma boca inesquecível e uma língua mágica, de chupadora...
Se faltavam adjetivos, sobravam machos para utilizá-los em sua descrição, todos encantados por sua inventividade, seu entusiasmo no fuzuê.
Jamais vendera seu lindo corpo a nenhum deles, embora não se avexasse de aceitar presentes ou empréstimos (que em geral esquecia de pagar) de seus lanchinhos – como chamava, para si própria, os muitos caras que comia.
Jô trabalhava como cabeleireira em um dos mais concorridos salões do Tatuapé.
O atendimento não era lá essas coisas; o que atraía freguesas, que nem moscas na merda (vá lá, no mel...) era o relato das aventuras da máquina de fuder.
A cliente mal entrava e já ia perguntando, os olhos brilhantes, a calcinha começando a molhar de excitação:
- E aí, Jô?
Trepou muito neste fim de semana?
Conte tudo, com todos os detalhes!
- Claro que trepei, amiga!
Xota foi feita pra isso.
E meus machos gostam tanto!
Quase tanto quanto eu.
E ela contava.
Em voz alta, para uma plateia fascinada.
Em suas histórias, todas as mulheres eram chamadas de vadias e os homens, de cornos.
O que dificultava o acompanhamento da trama quando descrevia sua última suruba, com porradas de cornos enfiando seus cacetes em porradas de vadias, incluindo nela.
Naquela segunda-feira, ela descreveu duas trepadas, uma quase convencional (almost, but not quite), no sábado, e outra, no domingo, um tantinho mais selvagem.
- ... e não é que o corno conseguia mijar de pau duro?
Mijou dentro de mim!
Levei um susto mas depois até que gostei, era quentinho...
E aí pediu pra eu derramar a urina em sua boca.
Obedeci, e mijei também, ele recebeu mais do que entregou, hê, hê, hê!

Esse era um dos poucos aspectos negativos de Jô.
Seu riso não era muito atraente, soava como um motor engripado.
O outro episódio, muito mais sacaninha, era sobre uma sessão de sexo domingo à tarde.
O cara, um homem de 60 anos, suplicou para que ela deixasse o cachorro dele participar.

- Disse que não, que nunca tinha feito isso, mas no fim topei.
Nunca digo “essa água não beberei” ou “essa porra não engolirei”, hê, hê, hê.

Os detalhes da parada de zoofilia extasiavam as clientes.
Algumas já se tocavam, indiferentes a quem percebesse.

- ... o cachorro era um mineteiro de primeira, me fez gozar duas vezes com a língua áspera.
O imbecil do corno ficou com ciúmes dele, lá pelas tantas levou o rival para o canil.

Mas castiguei, só me comeu depois de desfilar uma meia hora, de quatro e latindo, pela casa toda, hê, hê, hê!

Depois que as clientes foram embora, deixando caixinhas mais que generosas para Jô - que ela aceitou sem protestar, achava mais que merecido, pelas histórias que contava, pela excitação que levava à vidinha modorrenta daquelas mulheres -, a sex machine avisou a patroa que iria dormir no salão.
Ela deu um sorriso cúmplice para a funcionária e respondeu.
- Claro, nem precisa avisar.
Amanhã me conta tudo.
Em primeira mão!
Jô tomou um bom banho, lavou bem as partes baixas, aplicou perfume no pescoço, entre os seios, abaixo do umbigo, colocou um vestido bem leve e esperou.
Às 22 horas chegou o corno-que-só-gostava-de-ver.
Jô deu-lhe um selinho, levou-o para a parte de cima da loja, escondeu-o atrás de umas caixas, ordenou que ficasse bem quieto, para não atrapalhar a ação na parte de baixo.
Antes de descer, tocou uma punhetinha rápida pro voyeur – “afinal, é disso que esse corno gosta”.
Pouco antes das 23 horas, chegou o corno-da-meteção.
A coisa pegou fogo.
Ele chupou seus seios até ficarem muito doloridos, lambeu-a com maestria (quase tão bem quanto o cachorro do domingo, ela pensou), enfiou-lhe o cacete com força.
Para terminar, enrabou-lhe o furico, que ninguém é de ferro.
Depois que os dois lanchinhos foram embora, ela bocejou.
Estava muito cansada, mas satisfeita.
Dera prazer a dois machos, em uma espécie de ménage virtual.
E gozara adoidado.- Hora de recarregar as baterias – disse a si mesma.
Pegou um vibrador, ligou-o na tomada e enfiou o tarugaço na xota.
Depois fechou os olhos, desligou-se do mundo e apagou.
Não dormiu, máquinas não dormem.


A princesa e os gatos

Graça embarcou em um programa de índio.
Ou melhor, de índios: uma estafante viagem de carro, com um irmão e uma sobrinha, de Santa Catarina, território dos kaigangs, até a Paraíba, terra dos tabajaras e potiguaras.
Afinal chegou, cansadíssima, sendo recebida como uma princesa por outra sobrinha e, em especial, pelos gatos da casa.
Eram seis ferinhas, quatro delas apenas coadjuvantes, grande elenco.
Os gatos que se relacionaram com Graça, fazendo-a pagar por seus pecados, chamavam-se Jumbo e Negrita.
Esses eram, claro, os nomes dados por seus escravos.
Em seus miados, eles se chamavam, à nordestina, de “macho véio” e “mulé”.
- Jumbo e Negrita gostaram da senhora, tia
– disse a dona da casa.
– Não param de olhar e roçam as pernas nas suas.
Fez uma conquista!
Os gatos também comentaram.
- Tu achas que ela gostou de nós, macho véio?
- Gostou demais, mulé.
Afinal, somos grandões, bons caçadores, ferozes, podemos guardar bem a casa dela, no sulmaravilha.
Não vai entrar uma cobra que a gente...crau!
– e mudando de assunto:
- Tão bonita... vou chamá-la de princesa!
- Tu já viste alguma princesa, macho véio?
- Vi não, mulé.
Mas sei que chamar de princesa é gentil.
Temos de ser bonzinhos com ela, pra que nos leve pro sulmaravilha.
Que tal dar presentes pra princesa?
- Ótima ideia, macho véio.
No dia seguinte, quando Graça ia tomar banho, Jumbo entrou no banheiro, trazendo uma cobra morta entre os dentes.
Colocou-a aos pés dela e ficou à espera de um carinho de agradecimento.
Mas ouviu um berro que o assustou, enquanto a humana saía correndo do banheiro, enrolada numa toalha, e se trancava no quarto.
- E então?
A princesa gostou do presente, macho véio?
- Gostou não, mulé.
Acho que a cobra era pequena, no sulmaravilha deve ter cobronas maiores que sucuris...
- Agora é minha vez de presentear, macho véio.
Horas depois, refeita do susto, Graça/princesa estava no sofá quando Negrita/mulé entrou, com um sapo na boca, e o colocou aos pés da sulmaravilhista.
Outro berro, outra corrida pro quarto.
Os gatões comentaram, decepcionados:
- Acho que ela não gostou, macho véio...
- Vai ver, os sapos do sulmaravilha também são enormes, maiores que os daqui.
Vamos continuar tentando, se não, a princesa não nos leva pra lá...
- Acho que ela não gosta de bicho morto, macho véio.
- É, pode ser – e Jumbo/macho véio cofiou os bigodes, pensativo.
No dia seguinte, ao acordar, Graça/princesa deparou-se com uma quádrupla visita: Jumbo/macho véio, Negrita/mulé e duas cobras semimortas, que ainda se debatiam entre os dentes das duas ferinhas.
Cobras sem veneno, porque, parafraseando Adoniran Barbosa, os dois era gato, num era tatu.
Mas a princesa não sabia disso.
O berro, dessa vez, superou todos os decibéis, e ela correu até o irmão:
- Vou embora AGORA!
Me leva pro aeroporto!!!
Ao entrar no carro, ela ainda viu, pelo retrovisor, dois gatinhos de expressão triste, que agitavam as patas, em despedida, enquanto faziam lanchinhos das duas cobras, inexplicavelmente rejeitadas pela princesa do sulmaravilha.